quinta-feira, 17 de março de 2011

O SOFÁ VIRTUAL


Esta semana, mais uma reportagem sobre estatísticas americanas informam que advogados especializados em divórcio nos EUA estão observando que boa parte dos casais que pedem separação estão começando a apontar o Facebook como causa do fim do casamento. De acordo com o jornal inglês The Guardian, mesmo com as taxas de divórcio permanecendo estáveis nos últimos anos, advogados e acadêmicos especializados em separação começam a apontar o Facebook como principal causa dos problemas de relacionamento que levam ao divórcio. Este fenômeno está levando advogados a pedir acesso às páginas dos seus clientes nas redes sociais antes de começar o processo judicial de separação.
Eu acho tudo isso uma grande bobagem. Na minha opinião, colocar o Facebook ou qualquer outra rede social como culpada por uma separação é, no mínimo, um exagêro. Além de exagêro, é também uma constatação inócua. Isso lembra aquela história do cara que chegou em casa e encontrou a mulher se atracando com o seu melhor amigo no sofá da sala e, por causa disso, resolveu tomar uma atitude e vendeu o sofá.
As pessoas precisam entender que o Facebook, assim como as demais redes sociais nada são além de ferramentas. E, como qualquer ferramenta precisa de alguém para usá-la, para que ela possa alcançar algum objetivo. Assim como pincéis não pintam quadros sem a mão do artista, o Facebook não pode acabar com um relacionamento sem que haja “a mão do artista”. Agora, o que mais tem nesse mundo é “artista”. Gente que acha que pode tirar onda de garanhão na internet enquanto a patroa dorme de bobes, para não dizer, de touca. Ou o contrário.
O problema está na discrepância entre o discurso e o comportamento que, na maioria das vezes, tende a ser muito mais liberal no mundo virtual do que no mundo real. Um pai muitas vezes rígido com a moral de seus filhos e esposa, costuma visitar sites de pornografia e trocar e-mails bizarros entre aqueles que considera seus pares por pura diversão, como se aquilo fizesse parte de uma vida secreta que ninguém vai descobrir. Apenas se esquecem de que o conceito de privacidade está mudando com a internet. Tem também aquelas pessoas que, ao reencontrarem velhos amigos dos tempos do colégio, pensam que o Facebook e as redes sociais são uma espécie de túnel do tempo e passam a agir como fossem adolescentes, marcando encontros, festas e outras baladas, excluindo deles a sua família. Outro engano. O tempo não volta.
O Facebook não é um destruidor de lares é apenas um meio de comunicação. Muitas vezes mais tecnológico, veloz e eficiente do que telefonemas e cartas. Mais do que saber  lidar com essa nova ferramenta dominando seus recursos e cliques, é preciso ter competência emocional nos relacionamentos e uma conduta coerente nas redes sociais  para preservar aquelas pessoas que amamos e que embora estejam tão perto de nós no mundo real, às vezes, sem querer, nos distanciamos delas por vários motivos, não necessariamente por causa da internet. Transformar o Facebook num sofá virtual é apenas transferir para uma ferramenta, as nossas responsabilidades de cuidar e manter nossas relações interpessoais, sejam elas um casamento, um namoro ou apenas uma amizade.

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