sábado, 25 de dezembro de 2010

SOBREVIVENTE DO NATAL

Cada vez mais, o Natal vem se confirmando como uma prova de resistência. Para algumas pessoas, como eu, é quase um triatlhon! Meus insanos e amados leitores podem estar se perguntando: mas porquê tanta implicância com o Natal? Eu respondo: não se trata de implicância, queridos. É simplesmente uma constatação. E eu PROVO e COMPROVO!
Você sabe que o Natal está chegando quando os parentes distantes começam a dar sinal de vida. Ligam, mandam e-mails e mensagens nas redes sociais, em especial no ORKUT que é a mais brega de todas. Aí começam a aparecer os INSUPORTÁVEIS aplicativos do Facebook, os quais você é obrigado a responder sob pena de ser taxado como insensível, ou pior: mal educado.
A partir daí, as pessoas em geral passam a trocar corações, biscoitos e gifts virtuais e os shoppings são invadidos por multidões ensandecidas em busca dos gifts não virtuais. Aparecem como uma nuvem de gafanhotos que ninguém sabe de onde vem nem para onde vai depois do dia 25 de dezembro.
Depois disso, começam as INTERMINÁVEIS confraternizações: no trabalho, na escola, no prédio, na igreja, etc. Onde quer que você vá, seja qual for o grupo que você frequenta, sempre tem alguém querendo organizar uma confraternização com a realização do IMPRESCINDÍVEL amigo secreto. "Meu amigo secreto é gente boa", dizem uns. "A pessoa que eu tirei é legal", descrevem outros, ainda que tenham tirado o nome do mala sem alça mais mala da turma. Afinal, no Natal, todo mundo é legal.
Eu, que continuo enxergando tudo com olhos não natalinos, não posso deixar de registrar as pequenas hipocrisias que predominam no Natal. A nora que vai pra casa da sogra que DETESTA. A sogra que recebe a nora que não SUPORTA. A cunhada CHATÉSIMA que abraça a outra cunhada ANTIPÁTICA. E todo mundo ri das mesmas piadas sem graça que o cunhado mala sem alça conta todo ano. O mais interessante é que tudo parece funcionar. Ninguém está fingindo. Estão apenas vivenciando o Espírito de Natal, que baixa em todo mundo e se manifesta como se fosse um ORIXÁ.
Os presentes são sempre os mais inusitados possíveis. O bom gosto e o bom senso cedem espaço para "o que deu pra comprar". Aí, começa o festival de HORRORES. Quase ninguém acerta o gosto do outro. Não vou entrar em detalhes para não cometer grosseria com as pessoas que dão presentes sem noção ou vááários números abaixo daquele que a pessoa usa. Pelo menos, nesse caso, a pessoa que ganha uma roupa menor do que ela, ganha também uma motivação para emagrecer. Coisa que no Natal é humanamente IMPOSSÍVEL!
Como disse no início, o Natal é uma prova de triatlhon da comilança. Você começa a noite visitando os parentes mais distantes e à medida em que a noite prossegue, a hierarquia "parental" vai aumentando de patente até chegar no destino final que é a casa da sua mãe ou da sua sogra. E em cada casa que você chega, tem que comer no mínimo, uma fatia de pentone com queijo de cuia ou do reino, ou ainda o bolo de nozes e frutas cristalizadas, quando não tem que comer coisas mais inusitadas como "aquela" receita especial da sua tia, que você simplesmente detesta! Mas no Natal não se pode fazer dieta.
Na casa dos parentes, a intimidade lhe faz ser convidada para conhecer a reforma do banheiro social e da cozinha do apartamento. Nada pode ser mais emocionante. Mas o Natal tem dessas coisas. Faz parte.

EU SOBREVIVI A MAIS UM NATAL!

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