sexta-feira, 5 de março de 2010

CRÔNICA DA CIDADE N° 1

Sexta feira, fim de tarde. Chove em Salvador. A cidade foi engolfada por uma cor cinza que não lhe é peculiar. Não faz frio. Mas há uma tristeza no ar.
Os jornalistas de Salvador lamentam a notícia da morte do colega Jânio Lopo. Nos sites locais, twitters e fóruns e listas de discussão não se fala em outra coisa. Sua morte repentina e prematura pegou a todos de surpresa, não só porque ele era um cara bacana, um jornalista íntegro e querido por todos, mas também porque tratava de política com ética. Era um cara correto.
Mas também porque, segundo algumas notícias, morreu esperando uma autorização do plano de saúde para a realização de uma cirurgia. Como não conseguiu, tentou uma liminar. Entretanto, a liminar chegou tarde demais.
Se isto for confirmado, é necessário refletir e questionar quantas pessoas já morreram e quantas ainda vão morrer por conta dessa situação que todos sabem que existe.
Também é preciso refletir sobre a qualidade de vida dos jornalistas. Já não conto mais nos dedos das mãos a quantidade de amigos/colegas jornalistas que morreram do coração (infarto) ou de AVC (o popular derrame).
Agora não chove mais... Mas há um abafamento. Um clima pesado no ar. Já anoiteceu. Havia uma expectativa de sexta-feira para mim... Agora tenho um amigo para velar.

3 comentários:

denis rivera disse...

POrra! Taí... fico triste mesmo...
Nessa perdemos todos. Todos não, só os honestos.

Suely Temporal disse...

É Denis. Foi um dia triste. Fui ao Jd. da Saudade para acompanhar o sepultamento, mas não consegui entrar na sala aonde ele estava. Foi a primeira vez que isso aconteceu comigo. Não tive coragem. Acho que é porque ultimamente tenho vivenciado muito de perto a iminência da morte com a doença do meu pai...

denis rivera disse...

Não é nada fácil - mas vale o preparo sim. E como vale!
Em tempo: qual era o plano de saúde do Jânio? E me avise quando vc souber da missa.