domingo, 18 de maio de 2008

ORGULHO DE SER JORNALISTA

Para variar, meu guru Carlãozinho da Bahia, afamado jornalista do meio sindical colocou o texto do post de ontem na lista de discussão do Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Etada da Bahia) - entidade da qual tenho orgulho de fazer parte. Digo para variar, porque Carlão é um anigo e como amigo, não enxerga meus defeitos. Aliás ele os enxerga e mesmo assim continua amigo... Ele está sempre colocando os meus posts que ele gosta mais naquela lista da qual, confesso, tenho medo.
Mas, como quem tem amigo na praça é melhor do que ter dinheiro no banco, minha querida colega Bernadete de Lourdes Farias, conhecida no circuito Bahia-Paraíba como Berna Farias, leu o post fez o seguinte comentário: Suely "Tempestade" é mesmo impagável. Lembrei, lendo o texto dela, de um dia em que entrei num táxi em Sampa e o motorista, indagando qual era minha profissão, se disse sinceramente honrado em estar conduzindo um (uma, no caso) jornalista!! Ao menos um, pensei, nos dá valor. Eu acho que nós deveríamos ter cada vez mais orgulho da nossa profissão. Esse taxista que lhe transportou sabe das coisas! Diante desse comentário tão bacana, não pude deixar passar em branco aí respondi para ela num e-mail que agora divido com vocês, meus amados e insanos leitores.
Minha filha mais velha está cursando o primeiro semestre de jornalismo na UnB, em Brasília, e eu fico muito orgulhosa com isso. Não só porque ela passou num vestibular dificílimo, mas também pela profissão que escolheu. Fico chateada quando vejo meus colegas dizendo: ah, meu filho fez Direito, graças da Deus! Acho o fim da picada, quando eu conto, cheia de alegria, aos colegas que minha filha está fazendo jornalismo eles me perguntam: e você deixou? É sempre em tom de brincadeira. Mas é uma brincadeira que nos deprecia! Você não vê isso acontecer em famílias de médicos ou de advogados. As famílias até se orgulham e têm escritórios, consultórios e clínicas que passam de pai para filho. Ou de mãe para filho ou filha.
Pois eu digo que não incentivaria e nem proibiria minha filha de fazer jornalismo ou qualquer outra profissão. Eu acredito que uma escolha dessas, tão importante para o jovem, deve ser tomada livre de pressões maternas, paternas ou familiares. Mas confesso que fico orgulhosa por ela ter escolhido uma profissão tão digna e importante para a sociedade.
Fico triste quando eu vejo os pais orientando seus filhos a escolherem uma profissão "que dê dinheiro". E o pior é eles estão seguindo esse conselho e estamos assistindo a uma geração que só quer se dar bem. Ninguém mais quer ser médico para salvar vidas. Estão escolhendo ser médico para ganhar muito dinheiro atendendo em clínicas e hospitais onde só pode entrar quem tem plano de saúde. Onde vamos parar? As universidades não oferecem cursos para milionários. Quando minha filha me disse que estava pensando em fazer Comunicação eu apenas perguntei se ela tinha certeza disso.
Disse que qualquer que fosse a escolha dela, ela tinha que gostar. Disse a ela que a maioria dos jornalistas trabalham muito, ganham pouco, não têm sábado, domingo, feriado... Pra fazer jornalismo, tem que gostar. Tem que ter tesão! Me corrijam de estiver errada. Além do mais, como eu poderia proibir que minha filha faça uma coisa que eu adoro fazer? A vida é feita de exemplos... E por mais que os pais não queiram eles influenciam os filhos e MUITO!
Disse a ela que quem gosta do que faz não trabalha nunca! E é assim que eu penso, mesmo quando estou puta da vida com meu trabalho, querendo chutar o balde. Mas isso faz parte! E eu tenho a felicidade de dizer que, mesmo com todas as dificuldades da minha profissão, sou feliz com ela. Não sou rica e acho que nunca serei. Mas esse não é meu objetivo de vida. Nunca foi.
Mas criei e crio minhas filhas com dignidade com o resultado do meu trabalho e no exercício ético e digno da minha profissão. Elas não tiveram tudo. Mas o que é mesmo ter tudo? O fundamental nunca faltou a elas: amor, educação, exemplo...
Sou feliz porque mais de 20 anos depois daquela noite de 6 de janeiro em que colei grau em Bacharel em Comunicação com habilitação para jornalismo, no Salão Nobre da Reitoria da Ufba, posso dizer que amo a minha profissão.

2 comentários:

Anônimo disse...

Suely "Tempestade" é mesmo impagável. Lembrei, lendo o texto dela, de um dia em que entrei num táxi em Sampa e o motorista, indagando qual era minha profissão, se disse sinceramente honrado em estar conduzindo um (uma, no caso) jornalista!! Ao menos um, pensei, nos dá valor.
Berna

Anônimo disse...

Suely, seu depoimento me tocou muito, pois também sou daquelas que digo com orgulho que sou jornalista, pois amo o meu trabalho e o exerço com afinco e dignidade.
Na adolescência, dividida entre o amor pelas ciências biológicas e pelas ciências sociais, escolhi o jornalismo, ao invés da medicina, contrariando algumas pressões familiares. E tenho certeza que foi a melhor coisa que fiz!
Compartilho a alegria de ler seu depoimento com todos os colegas que amam a carreira do jornalismo, a despeito das dificuldades e desafios cotidianos.
Bjo
Gabriela Rossi

PS: Minha filha, grande leitora e autora de belos textos, escolheu cursar medicina. Olha as voltas que o mundo dá...