sábado, 17 de maio de 2008

SÓ PERDE PRA NOVA IORQUE


Acabei de voltar de São Paulo, onde passei a semana participando do 11º Congresso Brasileiro de Comunicação Corporativa e outras atividades relacionadas ao trabalho. Lá, tive a oportunidade de ver as novidades do setor, como também desfrutei um pouco dessa cidade tão impressionante. Várias coisas me impressionam em São Paulo, em especial, a capacidade dos paulistanos acharem que SÓ ELES TRABALHAM e que o resto do Brasil vive às custas do seu esforço.
Esta semana pude comprovar isso mais uma vez, pois sempre que alguém me ouvia dizer que eu era da Bahia, fazia logo o comentário: Que terrinha boa! Sol, praia, água de côco... Me sentia como se eu vivesse em eternas férias. E não adiantava dizer que conto nos dedos de uma mão às vezes em que fui à praia este ano. O paulistano é assim mesmo: têm essa mania de achar que ninguém mais trabalha no país, só eles. E que o baiano é um povo que só sabe fazer festa o ano inteiro. Tirando isso, os paulistanos são até legais.


PARADA EM SÃO PAULO


Outra coisa que eu gosto de fazer quando vou à SP é andar de taxi. Se bem que andar não é o verbo mais adequado, já que a gente fica mais tempo parado do que andando mesmo. Mas aí é que está o grande barato de São Paulo: o engarrafamento já virou atração turística paulistana. A cidade inteira se orgulha de ter o trânsito mais engarrafado do país! Só perde para Nova Iorque! Dizem os taxistas mais ufanistas, derramando uma enormidade de estatísticas, as mais escabrosas possíveis, sobre o péssimo trânsito da cidade. E eu me pergunto: o que foi que foi feito daquele slogan paulistano que lustrou os brios dos seus habitantes nas últimas 4 décadas: São Paulo não pode parar! Agora, de acordo com estudos, dentro de cinco anos São Paulo vai parar! Dizem os taxistas.
Mas não somente os taxistas se orgulham dessa situação absurda. Os jornais impressos, sites e emissoras de TV e rádio também replicam notícias sobre o trânsito o dia inteiro. E não se fala em outra coisa. A Folha on line publica os recordes de engarrafamento e a discussão sobre as condições (ou a falta delas) do trânsito é imprescindível para iniciar qualquer outro assunto: se você vai ao teatro, ao cinema, à praia, ao shopping, ao museu, à festa, ao médico, à escola, ao trabalho, ou simplesmente visitar um amigo, não importa: antes, você tem que saber como está o trânsito. Isto é indispensável!


EI, VOCÊ AÍ! ME DÁ UM GPS AÍ...



Aliás, outra coisa indispensável é o GPS. Todo taxista que se preza, tem que ter um GPS. Quer dizer, taxista só não! Qualquer pessoa que queira dirigir um carro, deve saber operar um GPS, caso contrário vai ficar mais perdido do que o padre dos balões...
É incrível perceber como os taxistas não conhecem as ruas da cidade. O que é pior: também se orgulham disso. Segundo eles, São Paulo cresceu tanto que é IMPOSSÍVEL conhecer todas as ruas da cidade. Sendo assim, não se assuste se, ao entrar num taxi em São Paulo, você começar a ouvir vozes dentro do carro dizendo: vire à direita, segunda rua a esquerda... Você não está tendo alucinações. É o GPS.



FAZENDO A HORA
Apesar deles não saberem o nome das ruas e nem como chegar aos lugares, os motoristas de taxi de São Paulo são pessoas que têm muito a dizer e a ensinar. Eles entendem de tudo! De parto de girafa à atracação de navio, passando por política, economia, receita de culinária e de remédios para vários tipos de doenças (algumas incuráveis!), eles SABEM TUDO! São uma verdadeira enciclopédia sobre rodas! A coisa mais interessante é a fixação deles por Nova Iorque. A Big Apple é o padrão, a referência, o sonho de consumo! Tudo eles comparam com NY: o metrô, o trânsito, até eles mesmos. E é impressionante ver como todos se orgulham de dirigir (?) naquela cidade onde o trânsito não anda.
Antes de ir para o aeroporto perguntei a um amigo paulistano:
- A que horas você acha que eu devo pegar um taxi para chegar em Guarulhos?
- A que horas sai seu vôo? Perguntou-me o amigo.
- Meu vôo sai às 19h, disse.
- Dezenove horas? Então você deve sair às 16, não às 15h30, não às 15... Aliás, que dia é hoje? É sexta? Que horas são agora?
- Meio dia, respondi.
- O que você ainda está fazendo aqui??

Por isso, se você vai a São Paulo, aproveite e curta o engarrafamento. Não se estresse, porque, a depender do trânsito, provavelmente vai ser a ÚNICA coisa que você vai conseguir fazer por lá.
BEIJOCAS E TABOCAS, MÊU!

2 comentários:

pedro disse...

Gostei do texto... Estava justamente preparando um texto sobre "São Paulo não pode parar" (porque já parou) e descobri seui blog... Gostei dele... Mas ainda assim "I Love St. Paul"...

Suely Temporal disse...

Obrigada, Pedro! Apareça quando quiser aqui n'O Faniquito! Eu também amo São Paulo. Mas a Bahia tem um jeito...