quarta-feira, 12 de agosto de 2015

OBRIGADO POR (NÃO) ESPERAR


Todas as vezes em que eu ligo para uma Central de Atendimento, mais conhecido como o famigerado call center, tenho a nítida sensação de que eu estou incomodando a pessoa que está do outro lado da linha, sendo que isso não faz o menos sentido, uma vez que teoricamente ela está lá para atender a minha ligação. Mas é assim que me sinto: como se estivesse interrompendo alguma coisa.
Hoje foi assim. Liguei para a central de atendimento do banco porque perdi a minha senha do cartão. Ô coisa chata é senha, né? Devo ter umas 350 senhas na vida: uma pro cartão de crédito, outra pra conta do banco, outra pra internet, para o facebook, para o instagram, etc, etc. 
Pois bem: depois de ouvir aquela musiquinha irritante, ouvi a mensagem "sua ligação é muito importante para nós". Por fim, consegui acessar o menu inicial de atendimento (também gravado) com 542 opções: disque 1 para isso, disque 2 para aquilo, disque 3 para aquilo outro e assim por diante; até que finalmente falei com um ser humano!
A atendente se apresentou e perguntou: 
- Operadora Jéssica, bom dia, em que posso ajudar?
- Sabe o que é, Jéssica? É que eu perdi a senha do meu cartão e queria recuperar.
- Ok, senhora. A senhora poderia me informar seu nome completo?
Aí depois de informar nome completo, o número do  CPF, o nome do pai, o nome da mãe,  data de nascimento e confirmação de endereço, como se fosse um videogame, passei para um nível mais difícil: o das perguntas que não sabia responder de cor sem ter pedir ajuda aos universitários. 
- Qual o CNPJ da sua empresa, senhora?
- Espera um pouco, Jéssica, que esse eu não sei de cor. 
Jéssica (impaciente) coloca o telefone no mudo para poder me xingar mais à vontade e logo em seguida faz pressão:
- Senhora, já localizou o número, senhora?
- Ainda não, Jéssica, minha secretária está buscando. Respondi quase pendido desculpas.
Mas Jéssica, que não quer nem saber se você é cliente e está precisando de ajuda, retruca:
- Lamento, senhora, mas não posso esperar mais. Tenho uma fila de clientes para atender.
- Oxi? Como assim? Engraçado... Eu posso esperar quando vocês estão buscando informações no sistema e você não pode esperar enquanto eu busco as informações no meu sistema? Todas as vezes em que ligo para um call center e vocês vão buscar alguma informação no sistema eu espero e vocês dizem: obrigado por esperar.
- Sim, senhora! Jéssica responde com convicção.
- Então tá. Obrigado por não esperar.
Conforme-se!

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