segunda-feira, 6 de julho de 2015

A EXPERIÊNCIA DO SILÊNCIO


Quem me acompanha pelo Facebook sabe que eu fiz uma experiência de ficar sem falar por 24 horas, no último final de semana. Tudo bem que neste espaço fiquei muito mais do que 24 horas em silêncio e que em 2014 ameacei voltar a escrever e não cumpri a ameaça. Mas agora é oficial! Voltei mesmo!
E voltei por necessidade. Relatar a minha experiência de ter ficado 24 horas sem falar, deu o que falar na minha timeline. Teve gente que duvidou, teve gente que elogiou, teve quem se espantou, teve quem achou que eu pirei de vez, teve quem achou graça e está rindo até agora.
Mas o que me surpreendeu mesmo foi a quantidade de gente que aprovou a iniciativa e que tem vontade de fazer o mesmo. Teve até quem pedisse consultoria! Daí a necessidade de voltar e escrever neste espaço. Achei que precisava compartilhar mais do que as duas lições principais obtidas com esta experiência. Vamos aos esclarecimentos:

NÃO! EU NÃO PIREI

Pelo menos não mais do que o necessário para me considerar uma pessoa normal. A experiência do silêncio faz parte de um projeto meu de aprimoramento pessoal. Quem me conhece sabe que eu gosto de fazer coisas diferentes ou pelo menos inusitadas e, embora eu não seja uma pessoa que viva de acordo com o que as pessoas dizem ou pensam de mim, sou muito atenta as coisas que se passam ao meu redor. E aos sinais. Ficar sem falar foi um desafio que fiz a mim mesma. Afinal, gosto tanto de falar! Sempre tenho algo a dizer, mesmo quando não devo. E a hora de calar foi sempre uma dificuldade para mim. Eu tinha uma suspeita que se confirmou com o meu experimento: a maioria das coisas que eu falo no dia-a-dia poderia não falar. Isso é incrível porque é libertador e ao mesmo tempo é uma lição de humildade. Vamos aos aprendizados:

CALAR NÃO É FÁCIL!

Confesso que no começo fiquei um pouco tensa e até insegura. O medo de fracassar era grande. Será que eu ia conseguir cumprir meu propósito até o fim? As primeiras horas foram as mais difíceis. Pensei que ia sentir falta, algo como uma síndrome de abstinência... Falar é algo instintivo e inerente à raça humana. Afinal, o homem é o único animal que fala. Portanto, ficar sem falar não é natural. Pra quem está começando, uma dica importante: vencer as primeiras horas é fundamental!

É PRECISO ESTAR ATENTO E FORTE

É como diz a música de Gil e Caetano, ídolos da minha geração. Ficar em silêncio requer concentração e colaboração. Como era um fim de semana, expliquei ao meu marido e minhas filhas o meu propósito. Minhas filhas acharam engraçado. O marido duvidou que eu conseguisse. No final todos cooperaram e me apoiaram. De vez em quando eles esqueciam e falavam algo comigo que necessitava uma resposta. Nessas horas eu tinha que escrever. Mas foram poucos esses momentos. O maior inimigo do silêncio são os nossos próprios sentimentos e emoções: é difícil conter uma exclamação de surpresa diante de uma situação inusitada ou um palavrão diante da ira. Você se trai. Quando vê, já falou e não tem como “desfalar”. Isso sim é duro!    

OPINIÕES NÃO FAZEM FALTA

Foi interessante perceber como a minha fala preenche o ambiente ao meu redor. Estou sempre dizendo alguma coisa a alguém ou de alguém ou sobre algo. O meu silêncio causou uma espécie de vazio em casa. Um vácuo. Toda hora minhas filhas e meu marido vinham até mim perguntando: você não vai falar nada mesmo? E eu simplesmente sorria, me divertindo com a situação. Mas, conforme eu esperava, minhas opiniões não fizeram falta. Todos sobreviveram sem elas.


FAÇA VOCÊ MESMO

Engana-se quem pensa que ficar em silêncio é ficar parado, deitado, contemplando o tempo passar. NÃO! Ficar em silêncio significa atividade. Não falar é não pedir. É ir lá e fazer.

I WANT TO BE ALONE
A frase atribuída à atriz sueca Greta Garbo na sua luta por privacidade nas últimas cinco décadas da sua existência quer dizer: Eu quero ficar sozinha! Não sou nenhuma Greta Garbo. Por isso, a minha experiência de fazer silêncio por 24 horas nada teve de isolamento. Muita gente confunde ficar em silêncio com isolamento ou tristeza. Não é. O fato de eu ter permanecido em silêncio por 24 horas não me impôs isolamento afinal a proposta não era essa. Por isso, permaneci conectada, embora a experiência de silêncio tenha me levado a muita reflexão que explicarei no próximo parágrafo.



O SILÊNCIO ALIMENTA E FORTALECE

Fazer silêncio tem um propósito. O meu foi a introspecção. Mas será que é possível alcançar alguma introspecção estando rodeada de pessoas? Eu respondo: depende. No meu caso, consegui. O não falar acelerou o meu raciocínio de uma forma tranquila. Eu explico: como não havia a ansiedade em verbalizar o pensamento fluiu de uma maneira mais intensa. Fiquei a maior parte do tempo rodeada de pessoas. Mas a companhia que mais desfrutei foi a minha.


O QUE MAIS GOSTEI


A experiência foi tão boa que no dia seguinte não senti mais falta de não falar.  Outra coisa legal foi ver minhas filhas pedindo para que eu voltasse a falar logo. Ah! Ficar um dia inteiro sem atender telefones fixos ou móveis é muito bom!

Pretendo repetir esta e outras experiências. Se gostaram desse post, curtam, comentem, compartilhem e fiquem atentos aos próximos posts e experimentos!

Um comentário:

LIA WEYLL disse...

Muito bom!vou tentar fazer essa experiência!😂😘