terça-feira, 21 de agosto de 2007

FUGA EM MASSA

Num ato tresloucado de loucura, foi à geladeira e comeu tudo o que tinha lá dentro. Esvaziou todos os tupperwares. Os restos do almoço de hoje, do jantar de ontem, do final de semana... Não sobrou nada. Havia duas semanas que aquela criatura não comia. Só se alimentava. Quando digo que uma pessoal não come, se alimenta, estou me referindo aquelas pessoas que quando vêem a comida não enchem a boca d'água, mas ficam calculando quantas calorias vão ingerir. Para essas pessoas, um simples prato de feijão com arroz tem repercussões inimagináveis do que para a maioria dos mortais que quer apenas forrar o estômago.
Feijão, arroz, batata, lentilhas, pão, doces e outras comidas são fontes de carboidratos ou carbohidratos, que são hidratos de carbono, glicídios, glícidos, glucídeos, glúcidos, glúcides, sacarídios ou açúcares (substâncias, sintetizadas pelos organismos vivos, de função mista poliálcool-aldeído ou poliálcool-cetona). Ufa! Pensando assim a comida pode até fazer mal! Mas tudo isso é o que se passa na cabeça de uma pessoa que não come, se alimenta. Um inocente tomate pode virar um vilão implacável! A depender da dieta, só se salva o chuchu e a alface. Porque o resto: ENGORDA!
Voltando ao ataque da minha amiga à geladeira, a pobre criatura era uma pessoa normal, até que resolveu, de uma hora para a outra fazer dieta. Traiu os ideais dos espiritualmente magros e se entregou às forças do mal. Tadinha... Foi encontrada agarrada a uma fatia de pizza remanescente da festa do dia dos pais...
No dia seguinte, a inquisição com a nutricionista: "Eu confesso!", soluçou condidata à magra. "Dei uma fugidinha da dieta", acrescentou envergonhada. Impiedosa, a inquisidora escarneceu daquela pobre alma: "Fugidinha? O que houve foi uma fuga em massa! Uma rebelião!"
Depois daquela situação constrangedora no consultório, nos encontramos na Perini e, entre um milk shake e uma coxinha catupiry e ela relatou-me o acontecido. Apesar de ter me condoído da sua situação, não pude deixar de registrar que aquilo havia acontecido somente porque ela havia traído seus irmãos e irmãs espiritualmente magros. Compreensiva, disse que os espiritualmente magros não guardam mágoas e expliquei para ela a diferença entre as pessoas que comem daquelas que se alimentam. Eu sou uma pessoa que come. Simpes: sito fome, logo, como. Pessoas que não comem, se alimentam, são complicadas e complicam a vida. Para nós, os espiritualmente magros, tudo é tão simples. Não ficamos pensando que há carboidratos do bem e carboidratos do mal... Nós, os espiritualmente magros, não nos alimentamos, comemos e festejamos a vida a cada refeição. Não ficamos contando calorias, nem pontos, nem medindo nem pesando. A vida para nós é leve. Como deve ser.
BEIJOCAS E TABOCAS

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