quinta-feira, 24 de abril de 2008

AULA DE JORNALISMO

Uma matéria publicada no site comunique-se está gerando uma polêmica... Não se trata de discutir a inocência ou a culpa do pai e da madrasta da menina Isabela Nardoni, mas da iniciativa de um colégio de São Paulo que, segundo a matéria, oferece aulas de jornalismo, cinema e tevê para seus alunos do 1º e 2º ano do Ensino Médio. Assim como quase tudo que cerca a imprensa e os jornalistas, esse assunto virou polêmica. Uns acham que a iniciativa é bacana porque visa dar aos alunos uma visão dos meios de comunicação. Outros acham que vai prejudicar o (já tão prejudicado) mercado de trabalho dos jornalistas.
A discussão é boa, mas é preciso bom senso. Quem nunca participou de um jornalzinho de escola? Será que todos que participaram dessa experiência se tornaram jornalistas profissionais? Será que esse tipo de iniciativa estimula o exercício ilegal da profissão? Nossa profissão de jornalista é mesmo curiosa. É como um "objeto de desejo coletivo". Já notaram que Jornalismo é uma profissão da qual todo mundo entende? Afinal no Brasil, de médico, técnico de futebol e jornalista todos temos um pouco...
Quem nunca receitou um remédio (que é tiro e queda) para um amigo? Quem nunca escalou um time ou até mesmo a Seleção Brasileira? E quem nunca bancou o repórter, atire a primeira pedra... O jornalista é um sujeito admirado porque, em tese, todos são inteligentes e bem informados sobre tudo! E quem não quer ser bem informado?
Alguns defendem que não é preciso diploma para ser jornalista. Acontece que existe uma enorme distância entre sem bem informado e saber bem informar... E brincar de médico na infância não dá a ninguém o direito de exercer a Medicina sem antes ter alisado com a bunda os bancos da universidade para portar o valioso canudo. O exercício ilegal da profissão de médico dá cadeia. Mas isso acontece porque um erro médico pode até matar! E um erro jornalístico, não pode? Jornalistas erram, médicos erram, mas se ambos não tivessem formação específica para isso, errariam mais. Muito mais.
Por isso, acho bacana que a garotada tenha noções dos meios de comunicação. Afinal, quanto mais leitores, ouvintes e telespectadores, melhor para nós os jornalistas. E quanto mais exigentes e críticos forem esses leitores e telespectadores, melhor para a imprensa e para a sociedade. Quem tiver talento e saco para ser jornalista, que procure sê-lo pelos meios adequados. Ou seja: através do diploma. Afinal, cada macaco deve permanecer no seu galho. Os médicos, engenheiros, advogados, jornalistas e dentistas. É como disse o meu querido colega Marcus Gusmão, ao lembrar de uma história narrada por Regina Casé, quando, segundo ele, ainda era uma adolescente gostosinha (imagine quanto tempo tem isso!), aqui no Vila Velha. "Ela contou que foi ao dentista e o cara disse para ela que também era ator. E explicou: quando era pequeno montava peça com os irmãos no quintal de casa. A então gostosinha Casé retrucou. Também sou dentista. Quando era pequena arranquei o dente de leite do meu irmão com um cordão..."
BEIJOCAS E TABOCAS

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